
“Ao
meu ver, certas coisas são, em geral, exageradamente encobertas. É justo
conservar pura a imaginação de uma criança, mas não é a ignorância que irá
conservar esta pureza. Ao contrário, acho que a ocultação conduz o menino ou a
menina a suspeitar mais do que nunc
a da verdade. A curiosidade leva-nos a
esmiuçar coisas que teriam pouco ou nenhum interesse para nós, se tivéssemos
sido informados com simplicidade. Se fosse possível manter esta ignorância
inalterada, eu poderia aceitá-la, mas isto é impossível. O convívio com as
outras crianças as leituras que induzem à reflexão e o mistério que os pais
cercam fatos que terminam por vir à tona, tudo isso, na verdade, intensifica o
desejo de conhecimento. Esse desejo, satisfeito apenas parcialmente e em segredo, excita seu sentimento e corrompe
sua imaginação, de forma que a criança já peca enquanto os pais ainda acreditam
que ela desconhece o ‘pecado’”. S. Freud – O ESCLARECIMENTO SEXUAL DAS
CRIANÇAS, 1924.
Muito
há a ser discutido sobre isso, mas não sou um especialista na área, apenas
simpatizante, por enquanto, por isso, não pretendo entrar em muitos detalhes,
primeiro por falta de conhecimento e segundo por falta de tempo, por isso,
quero abordar apenas alguns assuntos que me despertaram o interesse concernente
a esse assunto ao estudar Freud.
Acho
que esta opinião de Freud é muito relevante neste caso, especialmente para nós
do meio cristão. Conheço um professor que sempre diz que a igreja Católica
sempre quis que o ser humano negasse seu instinto sexual, mas isso nunca deu
certo, porque não podemos negar nossa essência, tentar negar é trazer mais
sofrimento, bem como o que já sabemos que ocorreu durante a história.
Não
devemos ter medo de falar sobre sexo com as crianças, o que precisamos é ter
muito cuidado para não falarmos algo errado ou que as escandalize. O primeiro
passo é não puxar assunto, ao seu tempo, nas próprias crianças será despertada
a curiosidade e então, quando as perguntas vierem, devemos responder com a
verdade, mas com cautela para não falarmos além do que elas podem entender no momento.
Meus pais nunca me falaram sobre este assunto e me lembro que das vezes que
perguntei, recebi repreensões rudes, que de fato, me fizeram procurar as
respostas por mim mesmo. Dou graças à Deus porque Ele me ajudou, mesmo sem eu
pedir, aliás, quem é que pede orientação à Deus sobre sexo? Parece estranho
né?! Mas se pararmos para pensar, não existe ninguém mais qualificado para isso
do que Ele, o próprio Criador! Ele é que entende, e diz: “se alguém tem falta
de sabedoria, me peça que eu respondo sem cobrar nada” (uma adaptação de Tiago
1:5).
Não
sei como foi que comecei a ter informações sobre este assunto, sei que com uns
seis anos de idade eu já sabia muita coisa sobre sexo, agora, não me lembro de
como aprendi, se não me engano, foi com outra criança. Mas fui crescendo e logo
percebi que meus pais não tinham lá interesse em me dar informações. Eu sei que
nunca saí para procurar informação, mas eu imagino como deve ter sido a guerra
entre Deus e o inimigo para que eu tivesse as informações. O que na época me
pareceu natural, hoje percebo que foi o inimigo que fez, e vejo como Deus me
preservou de muitas coisas, para não ter me afundado em pecado diante de tanta
informação negativa que tive. O inimigo conseguiu utilizar algumas pessoas para
me disponibilizarem material de conteúdo pornográfico, tanto ilustrativos
quanto literários que só eu sei o quanto me fizeram mal e me fazem até hoje.
Existem imagens e frases que não saem da minha cabeça, nunca consegui esquecer,
e para uma pessoa que pretende manter uma consciência limpa diante de Deus e
dos homens, essas lembranças me causam remorso e vergonha, embora não me
influenciem mais diretamente, mas muitas vezes eu oro e digo a Deus o quanto eu
gostaria de jamais ter tido contato com isso! Mas como estou escrevendo, eu
vejo o quanto Deus foi misericordioso comigo, porque para uma pessoa que como
eu, tive acesso à isso quando criança, posso contar nos dedos o número de
material que tive contato, foi pouco, mas o problema é o estrago que causou,
uma mente manchada para sempre! E o mais interessante, que eu acho é que isso
foi reduzido na minha adolescência, portanto, o maior contato que tive com esse
conteúdo foi na infância, o que geralmente é contrário na vida de outras
pessoas, onde na adolescência é que se intensifica, inclusive, vindo a se
tornar a prática sexual, fora do casamento, como foi o que falamos há duas ou
três postagens atrás.
Agora
perceba o quão importante é o esclarecimento das crianças, graças a Deus, eu
sei que sou uma raridade no mundo: uma pessoa que teve contato com conteúdo
pornográfico desde cedo, mas não se tornou um promíscuo, desequilibrado e o
pior: “mais amante dos prazeres do que amigo de Deus” (2 Timóteo 3:4).
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