Após muitos anos sem ter um cachorro em casa, passei a morar sozinho e sentir a necessidade de ter um cão comigo. A primeira que apareceu, eu a batizei de Pandora, para combinar com Pantera, que é minha gata. Porém, a Pandora já chegou doente, com quadro de cinomose canina e, não resistiu por muitos dias. Cerca de uma semana depois, buscando um cachorro para me fazer companhia, encontrei um anúncio apresentando o Zeus.
No mesmo dia em que entrei em contato, eu o busquei. Estava na academia quando recebi a mensagem dizendo para ir vê-lo. Ainda pensei em visitá-lo antes de trazê-lo, porém acabei o trazendo no mesmo dia. Tivemos alguns desafios nos primeiros dias, por se tratar de um pitbull adulto, porém, em cerca de meia semana, consegui conquistar sua confiança e desde então ele se tornou um grande amigo e companheiro.
Sempre que vou comer, o Zeus se coloca ao meu lado e me olha com um pedido no olhar. Ele não se cansa de me olhar, pedindo comida enquanto eu estiver comendo. E ele sabe que eu não irei dar um prato de comida para ele comer, tal qual o meu. No máximo, o que ele irá conseguir são algumas migalhas, alguns pedaços, pouca coisa. Ainda assim, seu olhar insistente, não se cansa de pedir por aquele pedaço.
Isso me faz lembrar da história da Mulher Cananéia que, tendo sua filha endemoniada, suplica para que Jesus a cure daquele mal. Jesus, sabendo o tamanho da fé daquela mulher, fala algumas coisas que para talvez qualquer um de nós seria uma humilhação tão grande que, no mesmo instante, veríamos as costas e iríamos embora. Porém, aquela mulher se permitiu ser comparada a um cão, pedindo, e ela disse que, mesmo sendo um cão, se contentaria com a migalha, com a sobra.
Essa história ensina uma grande lição de que Deus não ignora nossos pedidos e, mesmo pedindo algumas coisas em troca, jamais ele nos humilha, embora tenhamos que nos humilhar. Mas o grande ponto que vejo na fé dessa mulher é que, ao responder isso a Jesus, ela não apenas se humilhou, mas reconheceu a grandeza de Jesus como um Deus. Porque na mesa de quem é rico, de quem tem muitos recursos, ou seja, ela sabia que, por mais que todos os milagres de Jesus, mesmo não sendo judia, ela sabia que Jesus não era limitado como talvez os próprios discípulos e seguidores de Jesus o enxergassem. Eles o viam como Deus apenas para os iguais, apenas para os escolhidos, mas Jesus nos mostra que para Deus não há limites. Ele até poderia nos dar restos e sombras, mas nos prepara um banquete (Salmos 23:5).